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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Notas do Seminário de John Truby - parte 3/6

Em Setembro participei do Seminário '22-Step Great Screenwriting', com John Truby, em Londres. Estou publicando aqui, em seis partes, as anotações que redigi durante as palestras. As duas primeiras partes – Parte I e Parte II – são relativas a Premissa e Criação de Personagens. As demais serão sobre trama, gênero e diálogo. Segue agora a terceira parte, onde revelam-se os já famosos mas esotéricos '22-steps':

NOTAS DO SEMINÁRIO DE JOHN TRUBY - PARTE III

Criação de tramas é mais complexa habilidade de um escritor.

Cada roteiro é diferente, então a ordem dos 22 passos  pode ser diferente. Os '22-steps' são uma ferramenta para escrever seu material. Não é uma formula rígida. Começando pelo final, para poder 'enquadrar' a trama:

1 – AUTO REVELAÇÃO/DESEJO

O que o Herói aprende no final da estória.

O que o Herói sabe no começo da estória.

Sobre o que o Herói está errado no da estória.

2 – FANTASMA E MUNDO DA ESTÓRIA

O Fantasma assombra a vida do Herói, porém o Fantasma não é possível se a estória começa em um mundo paradisíaco.

O Mundo da Estória é o ambiente que cerca o Herói, personagens secundários, arredores físicos.

O Mundo da Estória é a expressão do que o Herói é.

O Mundo da Estória não é a vida real. Numa estória tudo é sobre o personagem e o Mundo da Estória deve serví-lo.

O Mundo da escravidão deve ser uma expressão física da grande fraqueza do Herói.

3 – FRAQUEZA/NECESSIDADE

A falha que o Herói deve superar.

Algo que está faltando e deve ser preenchido no final.

Se for uma necessidade moral, devemos ver ações imorais contra alguém.

4 – EVENTO INCITANTE

Evento externo que cataliza a personagem para uma meta. O Herói acha que consegui resolver um problema, mas cria outros.

5 – DESEJO

Linha de desejo. Simples, específica e contínua até o final da estória.

6 – ALIADO(S)

Consciência do herói. Alguém com quem o Herói pode conversar. Alguém para comparar com o Herói.

Considere dar ao Aliado um desejo próprio.

7 – OPONENTE

Aquele que quer impedir o Herói de atingir sua meta.

Deve-se saber: o porquê, e o quê o Oponente quer. Quais são os valores do Oponente e como eles diferem dos valores do Herói.

8 – ALIADO FALSO – OPONENTE

Oponente que age como Aliado e às vezes acaba desejando que o Herói tenha sucesso.

9 – PRIMEIRA REVELAÇÃO E DECISÃO

O Herói consegue novo pedaço de informação, ajusta a linha de desejo e dá razão para sua meta.

A mudança da linha de desejo deve ser uma “entordada” e não uma quebra. Deve intensificar o desejo.

10 – PLANO

Normalmente não funciona de primeira.

11 – PLANO DO OPONENTE

Quanto melhor o plano do Oponente for, melhor a qualidade da trama.

12 – ROTA

Série de ações que o Herói realiza para alcançar a meta, atrás de seu desejo. São ações imorais.

13 – ATAQUE PELO ALIADO

O Aliado questiona os métodos do Herói.

14 – DERROTA APARENTE

Momento explosivo onde o Herói parece vencido.

15 – SEGUNDA REVELAÇÃO E DECISÃO

Correção no desejo e motivo. Leva a Rota Obsessiva.

16 – REVELAÇÃO PARA O PÚBLICO

Nova informação para o público mas não para o Herói. Público descobre que Aliado trabalha para o Oponente.

17 – TERCEIRA REVELAÇÃO E DECISÃO

Nova correção no desejo e motivo.

18 – PORTÃO, CORREDOR POLONÊS E VISITA À MORTE

Proximidade do Herói com a morte.

19 – BATALHA

Convergência de todos os personagens, ações e espaços. “Insight” sobre o tema.

20 – AUTO-REVELAÇÃO

Repentina e estilhaçante rompante de emoção

21 – DECISÃO MORAL

O Herói se dá conta que tem agido errado e toma uma decisão que prova que ele mudou.

22 – NOVO EQUILÍBRIO

Nível maior ou menor. Numa obra-prima, é uma revelação temática.

Seja flexível, mas mude os passos por seu próprio risco.

A tradução é livre e de minha autoria.

Os conceitos originais podem ser lidos na Parte I.

FIM DA PARTE III – Leia a Parte I e a Parte  II

Fernando Marés de Souza
Roteiro de Cinema, roteirodecinema.com.br

Foto por Fernando Marés de Souza 

5 comentários:

  1. Falar que escrever em três atos é matar sua estória é meio que pose do cara.

    Esses passos são completamente divisíveis em três atos.

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  2. Na verdade é marketing, claro, mas ele diz - e eu reproduza naquele texto - divida em três atos se quiser, os três atos estarão onde você disser que estão, mas isso não o ajuda em nada...

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  3. Olá Fernando.
    "A mudança da linha de desejo deve ser uma “entordada” e não uma quebra. Deve intensificar o desejo."
    O que significa entordada?

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  4. Não pode-se mudar o desejo. Se o Herói deseja sucesso profissional, a linha de desejo pode ser: um emprego, e depois de ter um emprego, uma promoção. É só uma entortada. Mas se desejar ter sucesso profissional e depois mudar para encontrar uma namorada, aí quebra, são duas estórias diferentes.

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  5. O conceito original de "entortada" é "Bend", by the way. Se alguém achar uma tradução melhor, grita.

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