Qual a importância do roteiro cinematográfico? Como elaborar um bom roteiro? Como vender o seu roteiro? Foi para responder essas perguntas que o Rio Market 2009 convidou o roteirista Marc Norman, vencedor do Oscar de melhor roteiro original pelo filme Shakespeare Apaixonado, para ministrar um Workshop dentro da sua programação. Marc percorreu um longo caminho até chegar ao êxito e afirma: não é fácil.
Em seu livro What happen next: a history of American screenwriting (O que acontece depois: a história de um roteirista americano), Marc expõe a relação do roteirista com o público, com a crítica e principalmente com os produtores. Se o público credita aos atores o bom funcionamento da narrativa, os produtores estão sempre com o pé atrás, afinal, quanto tempo se leva para escrever um roteiro? Três anos, três meses, ou três dias? Para Marc isso não tem fórmula, não se pode nem escrever um roteiro baseado apenas na sua intuição, assim como não se escreve seguindo fórmulas pré-estabelecidas, como propostas pelo escritor Syd Feld. Um bom roteiro nasce da natureza do seu escritor, é orgânico, mas demanda também uma quantidade de técnicas narrativas e dramatúrgicas para alcançar seu lugar almejado. Afinal escrever um filme é contar uma história.
Nos Estados Unidos a indústria cinematográfica provém o sonho de vários escritores que querem fazer cinema e os estúdios e as emissoras estão sempre atrás de novos talentos para renovarem a máquina de entretenimento. Contudo, no caso brasileiro, o circuito parece sempre muito apertado. Na falta de uma mola propulsora os cursos de roteiro estão sempre lotados de estudantes, amadores e profissionais, a procura de desvendar a técnica da escrita do roteiro.
A tal técnica pode passar desde os três famigerados atos aristotélicos até a “ausência” total de roteiro, de qualquer maneira é inegável que a figura do roteirista sempre gera questionamentos, afinal ele é o primeiro a enxergar o filme antes mesmo de estar pronto. Pela sua cabeça todas as cenas são montadas e encaixadas, fazendo sentido ou não, tudo está no seu lugar. No cinema mudo e no início do cinema falado os filmes seguiam a risca a narrativa clássica até a chegada de Orson Welles e seu Cidadão Kane subvertendo a regra e impondo uma narrativa não-linear.
De lá para cá o cinema passou por vários movimentos e estéticas e muitas vezes a figura do roteirista se misturou com a própria figura do diretor. No Brasil o lema cinemanovista “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” jogou o roteiro nacional para segundo plano, uma vez que o diretor detinha todo o processo de construção da obra. Porém com a chegada do cinema comercial, em meados dos anos 90, a importância do roteiro se tornou necessária e surgiram profissionais que se ocuparam apenas dessa função do cinema. Esse processo chegou a seu ápice com a indicação do roteirista Bráulio Montovani para o Oscar de Melhor Roteiro pelo filme Cidade de Deus.
Apesar dos avanços essa área ainda encontra muitas dificuldades, uma vez que o Brasil não possui uma indústria de cinema e o mercado é dependente, em sua maioria, de incentivos públicos. Também os roteiristas ficam à disposição dos editais que só contemplam projetos já escritos, faltando recursos iniciais para a elaboração dos roteiros. Muito ainda se precisa discutir sobre esse tema, já que Tv e as novas mídias, a exemplo da internet e videogames, se configuram como novos espaços de disputa dos roteiristas. Pouco se fala sobre profissionalização, formação de novos roteiristas, salários e condições de trabalho.
As universidades também não possuem uma especialização voltada para esse mercado. Seminários e debates vem sendo realizados para melhor explicar esse processo, enquanto isso muitos jovens mantém seus roteiros engavetados, uma nova safra de histórias que aguardam sua chegada às telas.
Renato Damião é redator e editor assistente do site do CTAv e cursou Roteiro Cinematográfico na Escola de Cinema Darcy Ribeiro.
Reproduzido da matéria original publicada no Blog Plano Geral do CTAv protegido através de licença Creative Commons.
Em seu livro What happen next: a history of American screenwriting (O que acontece depois: a história de um roteirista americano), Marc expõe a relação do roteirista com o público, com a crítica e principalmente com os produtores. Se o público credita aos atores o bom funcionamento da narrativa, os produtores estão sempre com o pé atrás, afinal, quanto tempo se leva para escrever um roteiro? Três anos, três meses, ou três dias? Para Marc isso não tem fórmula, não se pode nem escrever um roteiro baseado apenas na sua intuição, assim como não se escreve seguindo fórmulas pré-estabelecidas, como propostas pelo escritor Syd Feld. Um bom roteiro nasce da natureza do seu escritor, é orgânico, mas demanda também uma quantidade de técnicas narrativas e dramatúrgicas para alcançar seu lugar almejado. Afinal escrever um filme é contar uma história.
Nos Estados Unidos a indústria cinematográfica provém o sonho de vários escritores que querem fazer cinema e os estúdios e as emissoras estão sempre atrás de novos talentos para renovarem a máquina de entretenimento. Contudo, no caso brasileiro, o circuito parece sempre muito apertado. Na falta de uma mola propulsora os cursos de roteiro estão sempre lotados de estudantes, amadores e profissionais, a procura de desvendar a técnica da escrita do roteiro.
A tal técnica pode passar desde os três famigerados atos aristotélicos até a “ausência” total de roteiro, de qualquer maneira é inegável que a figura do roteirista sempre gera questionamentos, afinal ele é o primeiro a enxergar o filme antes mesmo de estar pronto. Pela sua cabeça todas as cenas são montadas e encaixadas, fazendo sentido ou não, tudo está no seu lugar. No cinema mudo e no início do cinema falado os filmes seguiam a risca a narrativa clássica até a chegada de Orson Welles e seu Cidadão Kane subvertendo a regra e impondo uma narrativa não-linear.
De lá para cá o cinema passou por vários movimentos e estéticas e muitas vezes a figura do roteirista se misturou com a própria figura do diretor. No Brasil o lema cinemanovista “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” jogou o roteiro nacional para segundo plano, uma vez que o diretor detinha todo o processo de construção da obra. Porém com a chegada do cinema comercial, em meados dos anos 90, a importância do roteiro se tornou necessária e surgiram profissionais que se ocuparam apenas dessa função do cinema. Esse processo chegou a seu ápice com a indicação do roteirista Bráulio Montovani para o Oscar de Melhor Roteiro pelo filme Cidade de Deus.
Apesar dos avanços essa área ainda encontra muitas dificuldades, uma vez que o Brasil não possui uma indústria de cinema e o mercado é dependente, em sua maioria, de incentivos públicos. Também os roteiristas ficam à disposição dos editais que só contemplam projetos já escritos, faltando recursos iniciais para a elaboração dos roteiros. Muito ainda se precisa discutir sobre esse tema, já que Tv e as novas mídias, a exemplo da internet e videogames, se configuram como novos espaços de disputa dos roteiristas. Pouco se fala sobre profissionalização, formação de novos roteiristas, salários e condições de trabalho.
As universidades também não possuem uma especialização voltada para esse mercado. Seminários e debates vem sendo realizados para melhor explicar esse processo, enquanto isso muitos jovens mantém seus roteiros engavetados, uma nova safra de histórias que aguardam sua chegada às telas.
Renato Damião é redator e editor assistente do site do CTAv e cursou Roteiro Cinematográfico na Escola de Cinema Darcy Ribeiro.
Reproduzido da matéria original publicada no Blog Plano Geral do CTAv protegido através de licença Creative Commons.
Não há um mercado porque nunca houve. Vejam os créditos dos filmes nacionais: mais da metade (bem mais) dos filmes é co-escrito, quando não, escrito inteiramente pelo diretor.
ResponderExcluirO Cinema-novo, e todas as malandragens, subterfúgios e idiossincracias que “tatuou” no cinema brasileiro, varreu do mapa o roteirista.
A indicação de Mantovani não diz nada. É (foi) boa para ele. E só.
Agora, vejam os selecionados no laboratório Sesc de Roteiros deste ano. Vejam os nomes. Os mesmos. Laboratório precisa de roteirista novato, em primeiros trabalhos, ainda “verde” para enfrentar as produtoras; Veja as produtoras: recebem os trabalhos, não lêem, não se interessam, não dão a mínima; Veja os diretores: esses então - quando sabem ler roteiro - lêem os próprios.
Em resumo: mercado para roteirista no Brasil só na porrada. Marc Ford é ótimo. Lá para as negas dele. Aqui o negócio é outro.
Marc Norman, desculpe. Dá na mesma.
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