Artigos mais Recentes

quinta-feira, 17 de março de 2011

Furtado deveria ler o projeto de Bethânia antes de criticar quem critica

Jorge Furtado pisou na bola ao defender um projeto que não leu e acusar de ignorante e mau caráter  uma crítica legítima à aprovação pelo CNIC de um projeto milionário de vlog de poesias de Maria Bethânia, reduzindo um fato preocupante da nova gestão do Minc e seu recém empossado CNIC, como mero "furor udenista que almeja manchetes moralizadoras".

Sempre admirei o Furtado como roteirista e pensador da política pública para a cultura, e o celébre cineasta gaúcho já foi meu quase parente, num breve período quando namorei sua sobrinha, coincidentemente chamada Betânia, competente profissional do cinema por quem ainda nutro muito carinho e adimiração.

Mas Furtado erra feio desta vez. Poderia refutar seu artigo em diversos pontos, mas o Pablo Villaça, que vem fazendo a melhor cobertura sobre o Bethâniagate, já fez isso com propriedade no sexto de sete updates sobre o caso. Update: E Furtado respondeu com propriedade alguns deles.

Então faço apenas uma pergunta ao nobre colega Furtado: se eu fizer um projeto de vídeo orçado em 1,3 milhão, e dentro dele reservar um cachê de 600 mil para você, você assina o projeto para enviarmos ao Ministério da Cultura? Ou cachê super inflado só vale pra Maria Bethânia, que afinal é "uma das maiores artistas brasileiras de todos os tempos"?

Ninguém me demove da idéia de que o proponente levar como cachê quase metade da bolada prevista para um projeto cultural, que segundo o diretor Andrucha envolve "uma equipe que vai ter fotógrafo, produtor, maquiador, figurinista, equipamentos", é imoral e não pode ser aceito como uma coisa normal. O antigo CNIC enxergava isso e havia reprovado o projeto. O novo CNIC aprovou.

O CNIC deve imediatamente rever o projeto do blog de Bethânia. E o Jorge Furtado também.

UPDATE: Furtado ainda não leu o projeto, mas leu as manchetes que relatam o cachê de R$ 600 mil e escreveu novo artigo sobre o caso onde diz: "Na hipótese de ser verdadeira a informação divulgada hoje de que o cachê da Bethânia para trabalhar no blog seria de quase metade do orçamento do projeto, me parece ter havido um erro de avaliação do Minc em aprová-lo nesses termos"

Fernando Marés de Souza

"Participei de um encontro em Gramado para discutir a lei. Foi interrompido por Norma Benguel, aos gritos, dizendo que não aceitava um teto na captação de recursos, que ela queria filmar "O Guarani" e precisava de muitos milhões, uma orquestra e veludo de verdade. Usava em defesa de sua tese um argumento irrespondível: "Eu sou Norma Benguel". Está provado que era mesmo. A lei foi claramente feita de modo a permitir o uso que dela fazem, seguindo os princípios éticos revelados pela argumentação de Diogo Mainardi: "Se lhe oferecessem 800 000 mil reais, restituindo a metade por baixo do pano, você aceitaria? Aceitaria, claro". Claro? Mas isso não é crime? Se não é, devia ser. E se devia ser e não é, a lei está errada. Tire estes 50% de "custo-cinema-Brasil" e o preço médio dos nossos filmes já se equipara aos da Espanha. " - Jorge  Furtado, nao-til 64

Um comentário:

  1. A lei tem que ser mudada, exatamente por causa desses talvez 50% (só?) que volta, ou que não sai do patrocinador, ou que some, ou que sei lá. Li uma notícia, faz tempo, de um esportista que disse que recebia 10% do valor que a empresa declarava que o patrocinava. Pior: ele, ainda, era obrigado a ser testa de ferro. Esse foi um caso que a polícia pegou. Nem imagino o que faz a "iniciativa privada".

    ResponderExcluir

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails