Depois de diversos tratamentos, Towne estruturou o roteiro como um "who done it" de mistério clássico. No final, o herói prendia o bandido e todos viviam felizes para sempre.
A Paramount gostou do roteiro e ofereceu a Roman Polanski, que achou interessante, mas não acreditava no final. Ele não comprava a idéia de que um detetive vagabundo ganhava de enormes poderes políticos. Polanski concordou em dirigir o filme, mas somente se houvesse grandes alterações no roteiro, começando pelo final, que devia deixar de ser feliz e passar a ser trágico.
Towne concordou em colaborar, mas segundo Mckee, foi Polanski com sua genialidade quem transformou um "trhiller" convencional de detetive em uma obra prima.
Antes de Chinatown, a convenção de todos os mistérios de assassinato era que o detetive identificasse, prendesse e punisse o assassino. Mas Polanski quebrou essa convenção, abrindo caminho para que outras grandes obras fossem feitas. E num gesto de humildade, Polanski não quis créditos no roteiro.
Mckee compara a obra com a mais antiga estória de detetive, Édipo Rei: as duas estórias se passam numa cidade que sofre com a seca, os dois protagonistas acham que estão agindo pelo bem público e pelo futuro, quando de fato estão sendo dirigidos por desejos privados e inconscientes com raízes num passado sombrio; as duas estórias envolvem incesto e a morte da figura paterna; a falha fatal de ambos heróis é o orgulho excessivo; ambos assumem que o crime fora cometido por motivos convencionais - poder, cobiça - mas descobrem o mal irracional.
Veja e ouça Mckee falar sobre o roteiro, o filme, e seu sistemas de imagens:
ROBERT MCKEE ON CHINATOWN (Filmworks, 1993):
LEIA O ROTEIRO
CHINATOWN
Robert Towne
Third Draft, October 9, 1973
COMPRE O ROTEIRO
CHINATOWN
Robert Towne
Softcover, 432 pages
Inclui o roteiro de The Last Detail
Publisher: Grove Press
ISBN: 0802134017
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Excerto de Chinatown:
(...)
Gittes stares at her. He's been charged with anger and when Evelyn says this it explodes. He hits her full in the face. Evelyn stares back at him. The blow has forced tears from her eyes, but she makes no move, not even to defend herself. GITTES I said the truth! EVELYN -- she's my sister -- Gittes slaps her again. EVELYN (continuing) -- she's my daughter. Gittes slaps her again. EVELYN (continuing) -- my sister. He hits her again. EVELYN (continuing) My daughter, my sister -- He belts her finally, knocking her into a cheap Chinese vase which shatters and she collapses on the sofa, sobbing. GITTES I said I want the truth. EVELYN (almost screaming it) She's my sister and my daughter!
(...)
Fernando Marés de Souza
Roteiro de Cinema, roteirodecinema.com.br
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