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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Meu desligamento da Associação dos Roteiristas

I am not on trial here, Mr. Chairman.
This committee is on trial here before the American people.
Let us get that straight.

John Howard Lawson - fundador do WGA 

Caros Colegas da Associação dos Roteiristas,

Nunca violei os Termos de Serviços do Yahoo, e quem afirma o contrário é um mentiroso. A Diretoria ou a Dr. Kátia, nossa assessora jurídica, não tem poder para determinar se houve uma violação dos Termos como alegam em meu caso, isso é prerrogativa exclusiva do Yahoo. Utilizo os serviços do Yahoo desde 1994 e nunca sofri nenhuma reclamação vinda da parte deles.

Nunca quebrei sigilo de nada ou ninguém, e quem afirma o contrário é um mentiroso. Informações postadas em listas de discussão do Yahoo não são consideradas informações sigilosas, e sim públicas, e inclusive quem postar informação sigilosa aqui dentro viola os Termos de Serviço do Yahoo, que diz que "“É VEDADO ao Usuário utilizar o Serviço para:  enviar (…) por exemplo, no caso de informações internas, exclusivas ou confidenciais recebidas ou divulgadas com consequência de relação de emprego ou contrato de confidencialidade".

Minha punição se deu em processo ilegítimo, autoritário, arbitrário, e gerou documentos que imputam fatos mentirosos à minha pessoa, numa flagrante injustiça e desrespeito ao Estatuto da AR, e às leis brasileiras e universais. Essa é a verdade, não só minha verdade individual, mas a verdade dos fatos.

Se as duas defesas que escrevi há mais de 15 dias, para duas peças acusatórias oficiais e públicas diferentes, não serão respondidas pelos que me acusam "para evitar o prolongamento da discussão", mesmo eu alertando que sou inocente das acusações, só demonstra que não há um comprometimento da Diretoria e da Consultoria Jurídica em esclarecer o caso e determinar a verdade, e que a assessoria jurídica age para proteger os interesses jurídicos dos Diretores e do Presidente, e não os meus interesses ou os da entidade.

Me acusaram, julgaram, sentenciaram e puniram num único dia, e não irão responder ou contestar minha defesa na qual demonstro minha inocência. Isso é injusto, imoral e ilegal. Afirmam ter me dado o direito de defesa, mas o direito de defesa inclui que a defesa seja apreciada e contestada antes da sentença, senão não é defesa, são as últimas palavras diante do cadafalso.

É claro o motivo que nunca responderam ou contestaram minhas defesas, mesmo passados mais de 15 dias de "prolongamento dos debates", é porque não há como contestar minha defesa, pois se minha defesa for apreciada com justiça, o único veredito que se pode tirar do caso é que sou inocente das acusações que fizeram. Não porque tenho um bom advogado ou argumento bem, mas pela simples razão de que essa é a verdade e a justiça, sou inocente das acusações que me fizeram. Provem que não sou.

Pra mim é claro o motivo da lista privada da Diretoria mantida pelo Google ter sido extinta, foi para apagar os arquivos de mensagens trocadas no dia 29 de Setembro que poderiam revelar como se deu a decisão de meu afastamento, e se não foi por esse motivo, desafio a Diretoria a tornar pública a troca de mensagens desta data e das subseqüentes até a extinção da lista.

Pelo jeito o caso não irá se resolver tão cedo, e eu não poderei ir a Assembleia por compromissos contratuais agendados há alguns meses, e como um cara que respeita as regras e as normas, e tem nisso um orgulho, a frustração de não conseguir retirar de documentos oficiais da entidade da qual sou Diretor, afirmações difamatórias e mentirosas que dizem que "quebrei sigilo", "violei Termos de Serviço", entre outras mentiras deslavadas, sem nenhuma fundamentação jurídica ou argumento consistente, me causam muito desgaste e tristeza.

Assim sendo, renuncio ao meu cargo de Diretor Regional e peço desligamento dos quadros da Associação dos Roteiristas, pois não desejo fazer parte de uma comunidade que não se compromete com os princípios de Justiça. Não quero fazer parte de uma comunidade injusta. Largo a questão na mão dos meus advogados e do Judiciário brasileiro.

Me junto à Graziella Dantas, ao Izaías Almada e ao Tairone Feitosa. Sou o quarto associado a deixar a AR por discordar das ações e palavras do Presidente Marcílio Moraes só nesse semestre, e o Lauro Cesar Muniz quase saiu também pelo mesmo motivo.  Se um dia a direção da entidade mudar, e alguém que considere digno de liderar a entidade assumir a Presidência, talvez eu volte para a AR. Meu trabalho junto à comunidade de roteiristas brasileiros - que é maior que a AR - sempre foi altruísta, e se dediquei tanto tempo ensinado de graça, informando, divulgando o trabalho dos colegas, agregando a comunidade, em meus trabalhos com o RoteiroDeCinema.com.br, foi justamente por acreditar na solidariedade, na fraternidade, na justiça social e no bem comum. Se a AR não se compromete com esses princípios, não desejo fazer parte da AR.

O sentimento de injustiça que sinto em meu peito no momento é o maior que senti em minha vida. Uma vida repleta de injustiças, mas sempre vindas de governos, escolas, exércitos regulares e mercenários, empresas e corporações, nunca de colegas ou amigos. Nunca de gente que diz lutar pela liberdade de expressão.

Creio que meu trabalho na AR foi importante e me orgulho do que fiz para ajudar a torná-la o que é hoje, mas me decepciono em ver que ela é dirigida por indivíduos injustos e covardes. Não posso mais continuar na AR quando a AR continua a me tratar como um associado de segunda classe, negando meus direitos humanos, de presunção de inocência, imputando fatos ofensivos à minha honra em documentos oficiais, negando meu direito de ter meu caso esclarecido, de ter minha defesa contestada, de ver provadas ou retratadas as acusações que me fizeram.

Sei que tem muita gente digna e justa aqui dentro, e vocês sabem quem são vocês, então peço que recuperem a dignidade pública da AR na próxima Assembleia, e a transformem em um instrumento que vise refletir o bem comum dos roteiristas e da sociedade brasileira, e não seja apenas um instrumento para que "poucos porém expressivos indivíduos" lutem por suas verdades individuais.

Fernando Marés de Souza

PS. ALGUÉM CONTESTE MINHA DEFESA E PROVE QUE NÃO SOU INOCENTE DAS ACUSAÇÕES QUE ME FIZERAM

Segundo a acusação, minha suspensão “se deve à quebra de sigilo, à utilização de linguagem chula e à provocação sistemática dos membros da diretoria, violando assim ao que preleciona o Termo de Serviço do Yahoo! ”.


   1.    Não “violei os Termos de Serviços do Yahoo!”, e não cabe à Diretoria determinar se houve violação dos Termos, isso é prerrogativa exclusiva do Yahoo e de seus representantes legais.

   2.    "Quebra de sigilo, utilização de linguagem chula e provocação sistemática" não "preleciona" nada nos Termos de Serviço do Yahoo.

   3.    Não “quebrei sigilo” de nada ou ninguém, e quem acusa que é que deve provar, indicando as informações sigilosas cuja confiança foi quebrada, e o documento que classifica essa informação como “sigilosa”.

   4.    A publicação de informações sigilosas ou confidenciais em Listas de Discussão do Yahoo é proibida por seus termos de serviço, que diz em seu Artigo 6 que “É VEDADO ao Usuário utilizar o Serviço para: carregar, transmitir, divulgar, exibir, enviar (…) por exemplo, no caso de informações internas, exclusivas ou confidenciais recebidas ou divulgadas com conseqüência de relação de emprego ou contrato de confidencialidade"

   5.      Expressei e comuniquei palavra chula por ser meu direito de roteirista fazer isso dentro do fórum da AR, e quando escrevo “vai tomar no meio da cu da tua consciência individual concreta” escrevo em ambiente de adultos e profissionais da linguagem escrita, para contrapor o “foda-se o bem comum” expressados e comunicados pelo Presidente na lista de todo Colegiado da AR

   6.      Se utilizei palavra chula em mensagem, fiz isso na lista privada da Diretoria, que usa os serviços da Google, não estando minha mensagem sujeita aos Termos de Serviço do Yahoo.

   7.     Não “copiei trechos da lista geral e publiquei em meu twitter no dia 29 de setembro de 2010”, prove-se, demonstrando qual mensagem da lista geral copiei e quais trechos publiquei em meu twitter.

  8.     Não “copiei trechos da lista privativa da diretoria em meu twitter no dia 29 de setembro de 2010”, prove-se, demonstrando qual mensagem da lista privativa copiei e quais trechos publiquei em meu twitter.

   9.     Perguntei se "havia limites" para expressão e comunicação dentro do Fórum da AR, e a Diretoria Executiva nunca respondeu se haviam ou não limites, nem nunca indicou qualquer tipo de regra.

   10.    Escrever “linguagem chula” não viola os Termos de Serviço do Yahoo, que prudentemente alerta que ao “utilizar o Serviço, o Usuário reconhece e concorda que poderá ficar exposto a “Conteúdo ofensivo, imoral ou censurável.”

   11.    O que a acusação chama de “provocação sistemática dos membros da diretoria” nada mais é que meu direito de contestar o Presidente e suas palavras declaradas na imprensa, que acuso serem ilegítimas e arbitrárias, ferindo regras escritas assinadas por ele e pelo colegiado, discurso que só ganha eco face aos últimos acontecimentos.

Um comentário:

  1. Bom... que sera, sera, Marés. Faço votos que esse conflito ganhe o judiciário. Faço mesmo. No mínimo pra dar uma sacudida na AR. Se até hoje espero algum artigo, análise, síntese ou quetais da participação do Marcílio, como presidente da AR, na Conferência Mundial de Autores-Roteristas em Atenas, acho que essa espera já é um mínimo de prova de que essa sacudida prova-se necessária.

    Não que eu possa estar "do lado de alguém", já que nem da AR sou e já que, pessoalmente (e que me você me perdôe a provocação, se há uma parte dela, apenas uma, que lhe cabe), me desagrada ver a verdade e a justiça no fogo cruzado entre o "tratorismo" e as "consultorias jurídicas" que não escondem suas predileções golpistas.

    Mas que eu ainda prefiro suas energias canalizadas no [roteirodecinema], Marés, um bem público inegável, que transcende as entranhas nebulosas do corporativismo, ainda prefiro, isso não nego. Então... vida longa ao bem público, apenas a ele.

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